Monsenhor José Maria Gonzalez

Monsenhor José Maria Gonzalez

A história de um município é construída com as ações de seu povo. Ações estas que perpetuam a memória dos seus antepassados. Manhuaçu não é diferente, com a riqueza de fatos e situações que ano após ano, permitiram que a cidade se transformasse no polo regional que é hoje, lhe conferindo a liderança de desenvolvimento sobre toda a região.
Em todos os momentos da história de Manhuaçu despontaram homens que fizeram a diferença através de lideranças capazes de mobilizar a população em uma causa. Sendo assim no campo social, político e também no campo religioso. Neste último quesito, seria impossível não prestar o reconhecimento a José Maria Gonzalez, ou para todos, Monsenhor Gonzalez. Além de pároco por duas décadas na cidade, foi também um grande líder e visionário, capaz de difundir seus sonhos para a sociedade do início do século XX e mobilizá-la para grandes realizações.
Nascido em 20 de outubro de 1875, em Catas Altas de Mato Dentro, atualmente apenas Catas Altas, município recentemente emancipado de Santa Bárbara (MG). Tomou posse na paróquia de São Lourenço de Manhuaçu, em 08 de julho de 1917. E com pouco mais de um mês como pároco em nossas terras, mais precisamente em 10 de agosto de 1917 e com apenas 28 réis (dinheiro da época) lançou a pedra fundamental da Igreja Matriz de São Lourenço. 
Fisicamente esta grandiosa obra é o marco de seu feito ao longo de sua vida paroquiana. Um cartão postal para a cidade e orgulho da população católica. Mas certamente, para aqueles que o conheceram e conviveram ao seu lado, sua humanidade, inteligência e imensa bondade foram os traços mais marcantes. Atualmente poucos cidadãos de Manhuaçu podem ainda recordar deste nobre homem. Mas através do resgate de impressos da época, é possível ainda hoje reconhecer suas qualidades como cidadão e pároco.
Visionário, sim. Tenaz, sempre. Um líder carismático, enérgico e acima de tudo, fiel às suas convicções religiosas. Soube impor a sua autoridade como vigário e construir uma grande amizade com o povo e também com os políticos. Teve o reconhecimento de todos da então Manhuassú. Um exemplo destas características ficou explícito em uma homenagem prestada pelo jornal ‘O Democrata’ em sua edição de 20 de outubro de 1933, por ocasião do aniversário de 58 anos do excepcional pároco: “Envolto na candidez da mais edificante modéstia, ele sabe ser enérgico na resolução dos seus múltiplos problemas e incansável na execução da sua imensa obra de sacerdote e de vigário. É pedindo meigamente que Monsenhor Gonzalez sabe mandar; é aconselhando com doçura que costuma corrigir; é tendo nos lábios um sorriso de indulgência que ás vezes repreende”. E prossegue: “A verdade, a modéstia, a sinceridade, a discrição, a simplicidade são as suas armas favoritas, na vida, todas elas ao serviço de uma alma formosíssima”.
Esta mesma edição, lançada poucos anos após a inauguração da Matriz de São Lourenço, enaltecia a perseverança de Monsenhor Gonzalez e sua paixão para com o próximo. “É o homem que tudo consegue no meio em que vive, sem impossibilidades que lhe embarguem os passos”, e prossegue nas linhas seguintes: “Não há entraves para os paroquianos de Monsenhor Gonzalez, quando este precisa de resolver quaisquer problemas de seu augusto ministério. E este fenômeno se explica perfeitamente: é que Monsenhor faz de sua vida de sacerdote e de cidadão uma influência continua da mais acolhedora bondade, única força que eleva positivamente o homem na terra”. E no parágrafo seguinte continua: “Não há quem padeça dôres físicas ou morais que não encontre, ao seu lado, a enxugar-lhe o pranto, a alma angélica desse sacerdote, modelo dos mais belos sentimentos de piedade cristã. Não é só, porem. “Monsenhor só abraça as nobres causas, só deseja o progresso da sua paróquia e da comarca eclesiástica de que é vigário foraneo, só quer o desenvolvimento religioso do seu povo, o aperfeiçoamento sempre crescente da sua igreja”.
Monsenhor Gonzalez faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde se encontrava hospitalizado, no dia 25 de novembro de 1938.
O reconhecimento a este homem, conferido ainda em vida através de impressos como o jornal ‘O Democrata’, pertencente hoje ao arquivo histórico da Câmara Municipal de Manhuaçu, fazendo justiça às suas qualidades de cidadão e vigário, se perpetuou após o seu falecimento. Monsenhor Gonzalez recebeu também a homenagem de levar o seu nome a uma importante rua que corta a região central da cidade (Rua Monsenhor Gonzalez) e também a uma das mais antigas instituições escolares, localizada também no Centro de Manhuaçu (Escola Estadual Monsenhor Gonzalez, ou simplesmente, Grupo Escolar Monsenhor Gonzalez). Ele também foi o primeiro presidente da Caixa Escolar desta escola.

Publicado em 28 de Abril 2013

Igreja Matriz de São Lourenço